sexta-feira, 1 de julho de 2011

Idílio

É bonito o inverno, também.
Amarelo o quintal das  laranjeiras fecundas.

Depois da geada é que se deve colher a mexirica,
o azedo em mel transfigurado.
Incautos os afoitos,
para escaparem ao ridículo
colhida a fruta verde
lhe calam o azedo a  sal
e a tragam entre espasmos.

É bonito o inverno, também.
Enquanto os jovens praguejam contra o encontro baldado pela chuva,
nós, velhos melancólicos, nos damos à lembranças
e pintamos na tela cinza
as cores da primavera a vir.

4 comentários:

  1. As tripas cheias de renite amaldiçoam o inverno renitente.

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  2. Creio eu que é a primeira vez que venho a este blog. O que mais me agrada nas poesias, além das rimas, claro, é o vocabulário rico de quem escreve. Isso é uma coisa que eu valorizo muito!

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  3. gosto das rimas mas não de escrevê-las, acredito que prendem a alma do que quero dizer como se minhas palavras usassem fardas militares impecáveis. Diferente da do fardadão.
    Gosto de imagens, de algo que te leve a ver com meus olhos.
    Agradeço pelos coments

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